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Aspectos fundamentais da comunicação (parte 2)

(continuação)


3 - A pontuação da sequencia dos eventos


Não menos frequentes são os desentendimentos causados pela parcialidade na pontuação da sequência dos eventos. Esta teoria propõe que todos os itens numa sequencia de comunicação podem ser tanto resposta como estímulo uns dos outros. Sendo assim, dependendo do momento em que a sequencia interacional é observada, determinado comportamento pode ser visto tanto como resposta quanto como estímulo para outro comportamento. É o que ocorre, por exemplo, naquela típica briga de casal ou de irmãos, na qual um diz que fez "A" porque o outro fez "B". As justificativas podem seguir ad infinitum.


4 - Comunicação Digital e Analógica


A comunicação digital apresenta uma sintaxe lógica complexa, que opera de forma binária e é responsável pelo aspecto relato (conteúdo) da mensagem. O funcionamento do sistema nervoso central, por exemplo, é digital, pois tem um funcionamento binário (do tipo “tudo ou nada”). A comunicação digital acontece através de uma troca de signos que são mutuamente significados, a partir de um código linguístico compartilhado (uma língua).


A comunicação analógica, por outro lado, possui semântica, mas carece de sintaxe adequada, transmite informação predominantemente referente ao aspecto relacional, só opera com quantidades positivas e descontínuas, é mais primordial e antiga. Corresponde a forma de funcionamento do sistema glandular. Quando tentamos nos comunicar com alguém que não compartilha do mesmo código linguístico, passamos a usar recursos da comunicação analógica, que pode ser compreendida por ser análoga à coisa a qual ela se refere.


É um erro comum acreditar que toda comunicação não-verbal é analógica, e toda comunicação verbal é digital. A fala, por exemplo, transmite palavras (informação digital), mas, ao mesmo tempo, chegam ao destinatário outras informações, como a entonação, volume, modulação e a frequência (informação analógica). Os dois modos complementam-se.


Observação: O homem está constantemente traduzindo informações de um tipo em outro. O conteúdo de um sonho (conteúdo analógico), por exemplo, não corresponde exatamente às palavras (conteúdo digital) usadas para descrevê-lo. Esse processo, inevitavelmente, resulta em perda de informações. Até mesmo porque na linguagem analógica não há uma sintaxe lógica, como na linguagem digital, por isso não existem equivalentes a “se... então...”, “ou... ou”, “não”, e muitos outros recursos importantes para expressão de conceitos abstratos. A psicoterapia “interessa-se, indubitavelmente, pela digitalização correta e corretiva do analógico”. Ela depende tanto da capacidade de tradução do terapeuta, quanto da disposição do paciente para abandonar suas velhas traduções.


5 – Interação simétrica ou complementar


O quinto (e último) axioma trata de dois tipos de tipos de interação: Simétrica, baseada na minimização das diferenças e aumento da igualdade; e complementar, baseada minimização da igualdade e aumento das diferenças. São duas categorias de permutas comunicacionais, e por isso não são boas ou más, certas ou erradas por natureza.


A interação complementar é aquela na qual os comportamentos provocam-se mutuamente. Por exemplo, "um parceiro não impõe uma relação complementar ao outro, mas, antes, comporta-se de maneira que pressupõe o comportamento do outro, enquanto que, ao mesmo tempo, fornece razões para tal comportamento: as respectivas definições da relação encaixam-se" (Watzlawick, et. al., 1967)

Há um tipo de complementariedade definida pelo contexto sociocultural, como pai e filho, médico e paciente, professor e aluno; e outro tipo, idiossincrática de um relacionamento, como o algoz e a vítima, o forte e o fraco, o bom e o mau, etc. Os problemas surgem quando a complementariedade é rígida.


A interação simétrica saudável é aquela na qual “os parceiros são capazes de se aceitarem mutuamente tais quais são, o que leva ao respeito recíproco e à confiança no respeito do outro, e equivale à confirmação realista e mútua de seus respectivos eus.” (p. 96).


Os problemas relacionais surgem quando a simetria vira uma escalada simétrica. Neste caso, os cônjuges diferem quanto ao ponto de equilíbrio da relação. Watzlawick et al. (2007) afirmam que “a igualdade parece ser mais tranquilizadora se uns puderem ser um pouco ‘mais iguais’ do que outros”, ou seja, cada cônjuge percebe uma forma de desequilíbrio na relação, e tenta restaurar o equilíbrio, que, no ponto de vista do outro, acaba gerando um desequilíbrio, o qual precisa ser corrigido.


A interação pode ser simétrica em um contexto, e complementar em outro. O importante e haver flexibilidade para mudar e aceitar novas definições e tipos de relações, afinal, como dizia Heráclito: nunca entramos duas vezes no mesmo rio.



Ps. Este é apenas um resumo do meu trabalho de conclusão de curso de Terapia de Casal (2016). Quem tiver interesse pode entrar em contato comigo que eu disponibilizo ele na íntegra.

 
 
 

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